sexta-feira, 13 de junho de 2014

Mulher refletindo madrugada adentro


Noite alta, acabara de deixar o amigo no aeroporto. Não qualquer amigo. Se era o nome daquele homem que estava gravado na aliança que ela usara mais de uma década. O pai de seu filho.
Supusera, durante anos, que envelheceria ao lado dele. Mas o enredo os surpreendeu e gradativamente tudo se transformou, tudo passou a ser outro. Dentro e fora.
Culpa de quem? De ninguém. A vida não pede licença para mudar. Simplesmente sopra ventos, ilumina espaços, evidencia escuridões, questiona, reforma sonhos, enfim, movimenta peças. Não raro e não por acaso, produz sofrimento, dado o apego, a ignorância, o medo. E segue seu curso.
Mas agora, incrível, o que já fora um mar de aflição e perda não lhe oferecia sequer uma gota de dor, era apenas um capítulo da sua história. E felizmente e porque assim decidiram, restara entre eles o respeito e o querer bem.
Ao volante, pensava com satisfação nessa conquista tão simples e incomum, enquanto sentia o confortante frescor da noite. Movimento pouco na estrada, a volta para casa era embalada por música suave. E no mais tudo era silêncio e calma.
Foi assim serena e inesperadamente que constatou a natureza dos encontros: a efemeridade. Perdurem duas horas, vinte anos ou setenta, todos os relacionamentos são temporários. O que muda, além da duração, é a profundidade da troca. De modo que compartilhar alguns momentos com alguém pode ser mais significativo do que completar bodas de ouro.
Mesmo porque, com frequência o hábito estrangula a espontaneidade, o afeto e a vitalidade de um vínculo. E, encolhida, seja pelo receio do conflito ou pelo medo do novo, muita gente passa décadas arrastando cadáveres, contratos vencidos.
Ao compreender que a única presença imprescindível para sua felicidade era ela mesma, essa mulher se recusou a perder a vida assim. E, agora que já tinha pago o preço de viver um anseio legítimo, era muito mais fácil aceitar as partidas. Com alívio, via afrouxar em si a necessidade de prender alguém. As pessoas vêm e vão, e está tudo bem.
Importa é manter o coração aberto. Importa se reconciliar com a solitude original humana: nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Importa se amar. Importa desenvolver a capacidade de estabelecer relações cada vez mais ricas, equilibradas de entregas e recebimentos. E saber festejar e reverenciar a eventual companhia do outro, o que é natural quando se sabe que não é definitiva.
Naquela madrugada, a ilusão se desvaneceu. E ela compreendeu que o amor entre duas pessoas só pode ser feito de liberdade. Sentiu-se feliz, muito mais leve. E tinha o coração pacífico como sono da criança que dormia bem ali, no banco de trás.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Eu, o outro


Sentada em um banco fico a meditar
Será que somos tão diferentes no agir e no pensar?
Somos homens e mulheres
Distinção haverá?

Somos iguais no nascer e no viver
Mas diferentes no ouvir e entender
Se alguém vamos julgar
Logo aparece um para defender ou acusar.

Somos iguais no sorrir e no chorar
Mas diferentes na maneira de sentir e se emocionar
Uns guardam no peito a tristeza e o rancor
Outros choram de rir e se alegram mesmo na dor

Nas dores e no prazer
Só existe uma diferença
O modo de proceder.

Todos são iguais!
Grita nossa "querida" lei
Mas na hora do agir
Podemos fazer tudo ruir.

Matamos por ódio
Morremos por amor
Agimos por fé
Ignoramos com fervor.

Iguais, diferentes
Livres e independentes
Sábios e inteligentes
Sonhadores e desiludidos
Diferentes na cor
Mas com um único desejo
Viver somente.

Criss Marques

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Em ritmo de eleição

Enquanto uns já estão em ritmo de copa... eu estou mais avançada hahahah. 'Bora' votar nos Honestinos da vida meu povo! hehehe

Bjos e queijos.