Eu deveria muito bem começar o texto com a seguinte frase: "as aparências enganam", porque foi justamente isto o que aconteceu. Você nunca se vê vítima de um assalto até acontecer.
É até engraçado porque quando você ouve as pessoas dizerem, "ah, fulano lá da rua de trás foi assaltado na parada de ônibus", ou ver as notícias nos jornais já se questiona em como reagiria se passasse por algo assim.
No sábado eu fui assaltada. Antes, eu dizia para todo mundo que não fazia ideia de como seria, se gritaria, choraria, entregaria tudo ou reagiria e realmente não tinha noção. Então, vou tentar descrever a sensação do antes e depois do assalto. Deixando claro que são as minhas impressões.
Quando o 'carinha' me 'agarrou' por trás mandando eu passar o celular, confesso que tomei o maior susto, porque ele não aparentava nenhum pouco que ia fazer isso e a impressão que dava era de que ia trabalhar pelas suas vestimentas. Mas o que me surpreendeu mesmo foi a calma que tive ao entregar o celular e vê-lo andar duas casas para depois ir para algum lugar movimentado.
Primeira coisa que você sente: susto. Depois vem o nervosismo. Algumas pessoas sentem na hora, outras depois (no meu caso, por exemplo). Sim, você tem vontade de reagir, não são todas as pessoas, mas dá vontade sim. O problema das que não reagem é porque ficam na dúvida se o homem está armado ou não. Eu aconselho sempre a não reagir.
Depois que acontece tudo isso vem a raiva, a frustração, o medo e a lembrança (e essa é a pior parte). Você, muitas vezes, se chama até de "burro", pois fica naquela de: "ah.. bem que eu poderia ter prestado mais atenção ou eu não tinha nada que ter vindo por aqui", etc.
A raiva é por ele ter levado suas coisas e ter que ir na delegacia fazer BO, a frustração é de saber que vai ter que cancelar cartões ou refazer documentos (depende da situação), o medo é o de ser roubado de novo e a lembrança, nem precisa explicar, pois você sempre vai lembrar com riqueza de detalhes toda vez que passar pelo local (isso quando não se pega relembrando da situação) e como é chato para dormir... não foi meu caso, mas muitas pessoas passam dias sem dormir por causa disso.
Essa história de que um dia passa e você nem vai mais lembrar é conversa fiada, pois você sempre vai lembrar. É algo que sempre vai andar com você. Vivemos normalmente, mas sempre vamos ter aquele receio. É fato. Existem muitas outras sensações e sentimentos. Poderia passar horas e horas escrevendo o drama que é passar por uma situação assim. Entretanto, o intuito do texto é justamente para aconselhar e dizer que qualquer pessoa pode passar por isso.
Então, o conselho que quero deixar é: nunca reaja, nada vale mais do que sua vida; tente manter a calma (sei que é difícil); entregue tudo mesmo (se for pra dar até as roupas do corpo, dê!); nunca fique desatento ou 'voando pelo espaço'; sempre desconfie das pessoas; evite ficar em lugares sem movimento; não brinque com a sorte e com o celular na rua; observe por onde anda... e por ai vai.
Ps. Podem até dizer que é piegas, frescura ou nada haver, mas eu agradeço a Deus por não ter acontecido nada mais sério e pela calma que tive na hora. Foi apenas um celular e um mp3. Algo que você recupera depois. Agora vida... não. Só Ele para nos livrar de certas situações. Desejo a todos uma ótima semana.
Bjs, Criss Marques